30 de agosto de 2008

Oitavo Capítulo – Midnight Sun

8. Fantasma


Eu não vi os convidados de Jasper muitas vezes durante os dois dias ensolarados em que eles estiveram em Forks. Eu só retornei para que Esme não ficasse preocupada. De outra maneira, minha existência parecia mais um espectro do que um vampiro. Eu encontrei, invisível nas sombras, o lugar em que eu poderia seguir o objeto do meu amor e obsessão – onde eu poderia vê-la e ouvi-la nas mentes dos humanos sortudos que podiam caminhar através da luz do sol ao lado dela, algumas vezes acidentalmente passando a palma da mão dela nas deles. Ela nunca reagiu a tanto contato; as mãos deles eram tão quentes quanto as mãos dela.

A esforçada ausência da escola nunca havia sido um martírio como este antes. Mas o sol parecia fazê-la feliz, então eu não podia desgostar tanto disso. Qualquer coisa que a agradava estava em minhas boas graças.

Manhã de segunda-feira, eu escutei uma conversa que teve o potencial para destruir minha confiança e fazer o tempo passado longe dela uma tortura.

Eu tinha que sentir um pequeno respeito por Mike Newton; ele não havia simplesmente desistido e se afastado para curar suas feridas. Ele tinha mais coragem do que eu havia lhe creditado. Ele estava indo tentar novamente.


Bella foi para a escola bem cedo e, vendo a intenção de aproveitar o sol enquanto ele durava, sentou em uma das raramente usadas bancadas de piquenique enquanto esperava o primeiro sinal tocar. Seu cabelo capturou o sol de inesperadas formas, dando-lhe um brilho avermelhado que eu não havia previsto.

Mike encontrou-a lá, desenhando novamente, e se entusiasmou com sua sorte.

Era agonizante apenas ser capaz de assistir, impotente, protegido do brilho do sol pelas sombras da floresta.

Ela o cumprimentou com entusiasmo suficiente para torná-lo eufórico/encantado, e a mim o contrário.

Viu, ela gosta de mim. Ela não sorriria assim se ela não gostasse. Eu aposto que ela quer ir ao baile comigo. Imagino o que seria tão importante em Seattle…

Ele percebeu a mudança no cabelo dela. “Eu nunca percebi antes – seu cabelo fica vermelho aqui”.

Eu acidentalmente arranquei a jovem árvore que minha mão estava descansando quando ele acariciou uma mecha do cabelo dela com os dedos.

“Apenas no sol”, ela disse. Para minha profunda satisfação, ela deslizou para longe dele suavemente quando ele tocou a mecha atrás da orelha dela.

Mike precisou de um minuto para reconstruir sua coragem, gastando mais tempo com outra pequena conversa.

Ela lembrou-lhe da redação que todos estavam devendo para quarta-feira. Pelo perceptível orgulho em sua face, a dela já estava pronta. Ele havia esquecido completamente, e isso diminuiria drasticamente suas horas livres.

Droga – redação estúpida.

Finalmente ele entendeu o recado – meus dentes estavam tão trincados que eles poderiam pulverizar granito – e mesmo assim, ele não conseguia fazer a pergunta definitiva.

“Eu queria te perguntar se você deseja sair comigo.”

“Oh”, ela disse.

Houve um rápido silêncio.

Oh? O que será que isso significa? Ela vai dizer sim? Espera – eu acho que não perguntei realmente.

“Bem, nós podíamos sair para jantar ou algo… e eu poderia trabalhar nisso mais tarde.”

Idiota – essa também não foi uma pergunta.

“Mike…”

A agonia e fúria do meu ciúme eram tão poderosas quanto haviam sido semana passada. Eu quebrei outra árvore, tentando me segurar aqui. Eu queria tanto correr através do campus, muito rápido para os olhos humanos, e agarrá-la – para roubá-la do garoto que eu odiava tanto agora que eu poderia matá-lo e gostar disso.

Ela diria sim para ele?

“Eu não acho que seria a melhor idéia”.

Eu respirei novamente. Meu corpo rígido relaxou.

Seattle era apenas uma desculpa, afinal. Eu não deveria ter perguntado. No que eu estava pensando? Aposto que é por causa daquele estranho, Cullen…

“Por que?” ele perguntou agressivamente.

“Eu acho…” ela hesitou. “E se você alguma vez repetir o que vou dizer agora eu irei alegremente espancá-lo até a morte–”

Eu ri alto do som de uma ameaça de morte saindo através dos seus lábios.

“Mas eu acho que machucaria os sentimentos de Jessica.”

“Jessica?” O quê? Mas… Oh. Okay. Eu acho… Então… Huh.

Seus pensamentos não eram mais coerentes.

“Sério, Mike, você é cego?”

Eu ecoei seu sentimento. Ela não deveria esperar que todos fossem tão perceptivos quanto ela, mas realmente este exemplo estava além do óbvio. Com toda a dificuldade que Mike esteve enfrentando para convidar Bella para sair, ele não imaginava que não seria tão difícil para Jessica? Devia ser o egoísmo que o fez ficar cego para os outros. E Bella era tão altruísta, ela viu tudo.

Jessica. Huh. Wow. Huh. “Oh”, ele conseguiu dizer.

Bella usou sua confusão para escapar.

“Está na hora da aula, e eu não posso chegar atrasada de novo”.

Mike enxergou um ponto de vista não muito confiável a partir de então. Ele percebeu, enquanto a idéia sobre Jessica girava e girava ao redor da sua cabeça, que ele gostava da idéia de ela ter achado ele atraente. Esse era o segundo lugar, não tão bom como se fosse Bella que se sentisse assim.

Ela é atraente, pelo menos, eu acho. Corpo bonito. É melhor um pássaro na mão…

Ele foi desativado então, com as novas fantasias que eram tão vulgares como aquelas com Bella, mas agora elas apenas irritavam e enfureciam. Tão pouco ele merecia qualquer garota; elas eram quase permutáveis para ele. Eu permaneci livre de sua cabeça depois disso.

Quando ela estava fora de vista, eu me enrolei contra um tronco de uma enorme árvore e dancei de mente em mente, mantendo ela em vista, sempre agradecido quando Angela Weber estava disponível para olhá-la. Eu queria que existisse um jeito de agradecer a garota Weber por simplesmente ser uma boa pessoa. Me fez sentir melhor pensar que Bella tinha uma amiga que valia a pena.

Eu assisti o rosto de Bella de todo e qualquer ângulo que me davam, e eu pude ver que ela estava triste de novo. Isso me surpreendeu – eu pensei que o sol fosse suficiente para mantê-la sorrindo. No almoço, eu a vi espiar de tempos em tempos para a mesa vazia dos Cullen, e isso me entusiasmou. Isso me deu esperança. Talvez ela sinta minha falta, também.

Ela tinha planos de sair com as outras garotas – eu automaticamente planejei minha própria vigilância – mas estes planos foram adiados quando Mike convidou Jessica para o encontro planejado para Bella.

Então eu fui direto para a casa dela, checando rapidamente a floresta para ter certeza de que ninguém perigoso estava perto. Eu sabia que Jasper havia alertado seu irmão de outrora para evitar a cidade – citando minha insanidade como explicação e aviso – mas eu não queria correr nenhum risco. Peter e Charlote não tinham intenções de causar mal-estar com minha família, mas as intenções são coisas que mudam…

Certo, eu estava exagerando. Eu sabia disso.

Como se ela soubesse que eu estava olhando, como se ela estivesse com pena da agonia que eu sentia quando não podia vê-la, Bella saiu para o jardim depois de uma longa hora dentro de casa. Ela tinha um livro na mão e uma coberta embaixo do braço.

Silenciosamente, eu subi nos troncos mais altos da árvore para conseguir uma boa visão do jardim.

Ela estendeu a coberta na grama úmida, e então deitou de barriga para baixo e começou a folhear as páginas do livro velho, como se tentasse encontrar o lugar certo. Eu li por cima do seu ombro.

Ah – mais clássicos. Ela era uma fã de Austen.

Ela leu rápido, cruzando e descruzando os calcanhares no ar. Eu estava assistindo os raios de sol e o vento brincando com seu cabelo quando seu corpo subitamente se contraiu, e sua mão congelou na página. Tudo que consegui ver foi que ela estava no capítulo três, quando ela grosseiramente segurou uma quantidade grossa de folhas e as passou.

Eu vi de relance um título, Mansfield Park. Ela estava começando uma nova história – o livro era uma compilação de romances. Eu me perguntei por que ela mudaria de romance tão abruptamente.

Apenas alguns segundos depois, ela fechou o livro, irritada. Com a expressão zangada, ela empurrou o livro ao seu lado e se virou para deitar de frente. Ela respirou profundamente, como se quisesse se acalmar, arregaçou as mangas e fechou os olhos. Eu me lembrava da história, mas não consegui pensar em nada ofensivo nela que a pudesse ter chateado. Outro mistério. Eu suspirei.

Ela deitou muito rígida, movendo apenas uma vez para puxar o cabelo do rosto. Ele se esparramou acima de sua cabeça. E então ela ficou imóvel de novo.

Sua respiração desacelerou. Depois de alguns longos minutos, seus lábios começaram a mexer. Murmurando enquanto dormia.

Impossível resistir. Eu escutei o mais longe que pude, captando vozes nas casas próximas.

Duas colheres de sopa de trigo… um copo de leite…
Vamos lá! Joga na cesta! Ah, vai lá!
Vermelho, ou azul… ou talvez eu devesse vestir algo mais casual…

Não havia ninguém próximo. Eu saltei para o chão, aterrissando silenciosamente na ponta do pé.

Isso era muito errado, muito arriscado. Quão superficial eu havia sido ao julgar Emmett por seus modos impulsivos e Jasper por sua falta de disciplina – e agora estava conscientemente desprezando todas as regras com um abandono que fazia os lapsos deles parecem insignificantes. Eu costumava ser o responsável.

Eu suspirei, mas rastejei para o sol, descuidado.

Eu evitei olhar para mim mesmo na luz do sol. Era ruim o suficiente que a minha pele era uma pedra e desumana na sombra; não queria olhar para Bella e eu lado a lado na luz do sol. A diferença entre nós já era insuperável, dolorosa o suficiente sem mais essa imagem na minha cabeça.

Mas não conseguia ignorar as faíscas de arco-íris que eram refletidas para a pele dela quando eu ficava perto. Meu queixo se fechou com a visão. Eu conseguiria ser mais aberração do que já era? Imaginei o terror dela se abrisse os olhos agora…

Eu comecei a recuar, mas ela resmungou de novo, me segurando ali.

- Mmm… mmm.

Nada inteligível. Bem, eu iria esperar um pouco.

Cuidadosamente peguei seu livro, esticando meu braço e prendendo a respiração enquanto estava perto, por precaução. Comecei a respirar novamente quando estava a poucos metros de distância, testando como o sol e a janela aberta afetavam seu cheiro. O calor parecia adocicar a fragrância. Minha garganta queimou de desejo, o fogo pertinente e feroz outra vez, porque tinha ficado longe dela por muito tempo.

Passei um momento controlando isso, e então – me forçando a respirar pelo nariz – deixei que seu livro se abrisse em minhas mãos. Ela tinha começado pelo primeiro… Eu virei as páginas rapidamente até o terceiro capítulo de Razão e Sensibilidade, procurando por algo potencialmente ofensivo na história excessivamente delicada de Austen.

Quando meus olhos pararam automaticamente no meu nome – a personagem Edward Ferrars sendo apresentado pela primeira vez – Bella falou de novo.

- Mmm. Edward. – ela suspirou.

Desta vez não tive medo que ela tivesse acordado. A voz dela era baixa, só um murmúrio melancólico. Não os gritos de medo que teriam sido se ela me visse agora.

Alegria entrou em conflito com auto-desprezo. Pelo menos ela ainda estava sonhando comigo.

- Edmund. Ahh. Muito… parecido…

Edmund?

Ah! Ela não estava sonhando comigo, percebi com raiva. O auto-desprezo voltou com força. Ela estava sonhando com personagens fictícios. Lá se foi meu convencimento.

Guardei o livro, e fui para o abrigo das sombras – onde pertencia.

A tarde passou enquanto eu observava, me sentindo inútil de novo, enquanto o sol lentamente ia descendo no céu e as sombras se espalharam pelo jardim até ela. Eu queria empurrá-las para longe, mas a escuridão era inevitável; as sombras a tomaram. Quando a luz tinha ido embora, a pele dela era muito pálida – quase fantasmagórica. O cabelo dela estava escuro de novo, quase preto contra seu rosto.

Era uma coisa assustadora de se ver – como testemunhar as visões de Alice virarem realidade. O batimento forte e constante de Bella era a única garantia, o som que manteve esse momento longe de parecer um pesadelo.

Fiquei aliviado quando o pai dela voltou para casa.

Eu podia ouvir pouco da mente dele quando dirigia na direção da casa. Alguma vaga irritação… no passado, alguma coisa do trabalho. Expectativa misturada com fome – presumi que estivesse ansioso para o jantar. Mas seus pensamentos eram tão silenciosos e contidos que não pude ter certeza se estava certo; só peguei a essência deles.

Me perguntei como a mãe dela soava – que combinação genética a tinha feito tão única.

Bella começou a acordar, se contorcendo para sentar-se quando os pneus do carro de seu pai cantaram contra o asfalto da estrada. Ela começou a olhar ao seu redor, parecendo confusa com a inesperada escuridão. Por um breve momento, seus olhos encontraram as sombras onde eu estava escondido, mas eles passaram rapidamente.

“Charlie?” ela perguntou em uma voz baixa, ainda observando as árvores que circundavam o pequeno jardim.

A porta do carro bateu com força, e ela olhou em direção ao som. Ela se colocou em pé rapidamente e juntou as suas coisas dando mais uma olhada em direção às árvores.

Eu me movi para uma árvore próxima à janela de trás perto da pequena cozinha, e ouvi a noite deles. Era interessante comparar as palavras de Charlie aos seus pensamentos ocultos. O seu amor e interesse pela sua única filha eram quase esmagadores, e ainda assim suas palavras sempre curtas e casuais. Na maior parte do tempo, eles sentavam em um silêncio amigável.

Eu a ouvi discutir seus planos para a noite seguinte em Port Angeles, e eu redefinia meus próprios planos enquanto eu escutava. Jasper não tinha avisado Peter e Charlotte para ficarem longe de Port Angeles. Apesar de eu saber que eles tinham se alimentado recentemente e não tinham nenhuma intenção de caçar em nenhum lugar na vizinhança de nossa casa, eu gostaria de observá-la, só por precaução. Afinal de contas, havia muitos outros da minha espécie lá fora. E também, todos os perigos humanos que eu nunca havia considerado antes.

Eu ouvi a sua preocupação sobre deixar o seu pai preparar o próprio jantar, e sorri ao ver a minha teoria se provar – sim, ela cuidava dele.

Então eu parti, sabendo que eu poderia retornar quando ela estivesse dormindo.

Eu não poderia invadir a sua privacidade, espreitando desse jeito. Eu estava aqui para a sua proteção, não para olhá-la com malícia de um modo que Mike Newton faria sem dúvida, se ele fosse ágil o suficiente como eu para permanecer na copa das árvores como eu fazia. Eu não a trataria tão rudemente.

Minha casa estava vazia quando eu retornei, o que estava ótimo para mim. Eu não sentia falta da confusão ou pensamentos depreciativos, questionando a minha sanidade. Emmett deixou um recado preso à coluna do corrimão.

Futebol no campo Rainier – vamos! Por favor?

Eu achei uma caneta e rabisquei a palavra me desculpe mais abaixo do seu apelo. Os times estavam mais equilibrados sem mim, de qualquer forma.

Eu saí para a mais curta das viagens de caça, me contentando com a menor e mais gentil das criaturas que não tinha um gosto tão bom quanto os caçadores, e então vesti roupas limpas antes de correr de volta para Forks.

Bella não dormiu bem essa noite.  Ela se agitava em seus cobertores, seu rosto algumas vezes preocupado, algumas vezes triste. Eu imaginava que era algum pesadelo assombrando-a e então eu percebi que apesar de tudo eu não queria saber na verdade.

Quando ela falou, a maior parte do murmúrio depreciava Forks em uma voz abatida. Somente uma vez, quando ela suspirou as palavras “Volte” e a sua mão se esticou – um apelo mudo – eu tive a chance de ter esperanças que ela estivesse sonhando comigo.

No dia de escola seguinte, o ÚLTIMO dia em que o sol me manteria prisioneiro, foi bem parecido com o dia anterior. Bella parecia ainda mais melancólica que o dia anterior, e eu imaginei se ela tinha desistido dos seus planos – ela não parecia de bom humor.

Mas, sendo Bella, ela provavelmente colocaria o divertimento dos amigos acima do seu próprio.

Ela estava usando uma blusa azul hoje, e a cor realçava sua pele perfeitamente, deixando-a cor de creme.

A escola terminou e Jessica concordou em buscar as outras meninas – Angela ia também, e fiquei feliz por isso.

Fui para casa pegar meu carro. Quando eu vi que Peter e Charlotte estavam lá, decidi dar uma hora de vantagem para as garotas. Nunca seria capaz de seguí-las, dirigindo no limite de velocidade – um pensamento horrível.

Entrei pela cozinha, acenando vagamente às saudações de Emmett e Esme quando passei por todos na sala e fui direto para o piano.

Argh, ele voltou. Rosalie, claro.

Ah, Edward. Odeio vê-lo sofrendo tanto. A alegria de Esme estava começando a ser danificada pela preocupação. Ela deveria se preocupar. Esta história de amor que ela havia visualizado para mim estava a cada hora mais evidentemente rumando para a tragédia.

Se divirta em Port Angeles esta noite, pensou Alice alegremente. Deixe-me saber quando eu tiver a permissão de falar com Bella.

Você é patético. Não acredito que perdeu o jogo de ontem só para ver alguém dormir. Emmett resmungou.

Jasper não prestou atenção em mim, nem mesmo quando a música que toquei ficou um pouco mais tempestuosa do que eu pretendia. Era uma música antiga, com um tema familiar: impaciência. Jasper estava se despedindo de seus amigos, que me olhavam curiosamente.

Que criatura estranha, Charlotte, que tinha cabelo loiro claro e era do mesmo tamanho de Alice pensou. E ele foi tão normal e agradável da outra vez que nos vimos.

Os pensamentos de Peter estavam em sincronia com os dela, como era normalmente o caso.

Devem ser os animais. A falta de sangue humano os deixa loucos uma hora ou outra, ele estava concluindo. O cabelo dele era claro e quase tão longo quanto o dela. Eles eram muito parecidos – exceto por tamanho, ele sendo quase tão alto quanto Emmett – em aparência e pensamento. Um par que combinava, sempre tinha pensado.

Todos menos Esme pararam de pensar em mim por um minuto, e toquei notas mais baixas para que não chamasse atenção.

Não prestei atenção a eles por um longo tempo, deixando a música me distrair do desconforto. Era difícil tirar a garota da minha mente. Só voltei minha atenção à conversa deles quando as despedidas ficaram mais finais.

- Se você vir Maria de novo – Jasper estava dizendo, um pouco cauteloso. – diga a ela que lhe desejo bem.

Maria era a vampira que tinha criado Jasper e Peter – Jasper na segunda metade no século XIX, Peter mais recentemente, por volta de 1940. Ela tinha procurado por Jasper uma vez, quando estávamos em Calgary. Tinha sido uma visita agitada – tivemos que nos mudar imediatamente. Jasper tinha pedido com educação que ela mantivesse distância no futuro.

- Não imagino que isso vá acontecer logo. – Peter disse com uma risada – Maria era inegavelmente perigosa e não havia muito amor entre ela e Peter. Peter tinha, afinal, sido fundamental para a deserção de Jasper. Jasper sempre havia sido o favorito de Maria; ela considerava um mero detalhe que uma vez tinha planejado matá-lo. – Mas, se acontecer, certamente eu direi.

Eles deram um aperto de mãos então, se preparando para partir. Eu deixei a música que estava tocando cessar em um fim pouco satisfatório, levantei rapidamente.

- Chalotte, Peter. – eu disse, acenando.

“É bom te ver novamente, Edward,” Charlotte disse de forma duvidosa. Peter somente acenou com a cabeça.

Louco, Emmett protestou atrás de mim.

Idiota, Rosalie pensou ao mesmo tempo.

Pobre garoto, Esme.

E Alice, em um tom repreensivo. Eles vão direto para o Leste, para Seattle. Nenhum lugar perto de Port Angeles. Ela me mostrou a prova em suas visões.

Eu fingi que eu não vi aquilo. Minhas desculpas já eram superficiais o suficiente.

Uma vez em meu carro, eu me senti mais relaxado; o robusto roncar do motor que Rosalie envenenou era animador para mim – ano passado, quando ela estava em um  humor melhor – era tranqüilizador. Era um alívio estar em movimento, sabendo que eu estava ficando mais próximo de Bella a cada quilômetro que passava voando por debaixo dos meus pneus.

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