6 de novembro de 2008

Entrevista – Catherine Hardwicke

Catherine Hardwicke explica como conseguiram fazer a tão esperada cena da clareira e como conseguiram passar glitter para fazer o Edward cintilar no cinema. A entrevista é do New York Times Los Angeles Times.

Contagem regressiva de Crepúsculo: Catherine Hardwicke fala sobre a clareira e sobre como fazer Robert Pattinson ‘brilhar’.

Quando eu perguntei a vocês sobre qual cena vocês ficariam mais excitados de ver, centenas de vocês responderam “a clareira!” – e me mostraram o erro que foi não ter citado a cena nem como alternativa na enquete.

Vocês estavam certos. Foi mesmo um erro.

Então, quando eu falei com a diretora de Crepúsculo, Catherine Hardwicke, na segunda-feira, conversamos sobre o que ela teve que passar para fazer essa cena crucial corretamente (em duas palavras: muita coisa!), como ela conseguiu fazer Edward (Robert Pattinson) brilhar ao sol daquela clareira e quais momentos do livro ela teve que tirar do filme (essa é a primeira parte da entrevista, a segunda sairá em breve).

Como você achou a clareira perfeita?

Essa foi a pedra do meu sapato, sem dúvidas. Simplesmente você está me apunhalando no meu ponto fraco. Foi realmente difícil no lado logístico da coisa, porque nós não tínhamos um orçamento de Harry Potter ou do Senhor dos Anéis. Num filme normal, você poderia construir uma linda clareira num estúdio, assim você controlaria a luz solar para que Edward pudesse fazer o que quiser com ela. Porém, com US$ 37 milhões, isso era impossível. Então, me imaginem no meio de Janeiro vestindo botas de neve e andando por quilômetros de trilhas tentando achar a clareira perfeita no meio do Oregon, congelando (minha primeira vez com botas de neve – foi bem engraçado). Finalmente, depois de caminhar por todos os lugares e nos perdermos na floresta e vermos zilhões de potenciais lugares, nós achamos um lugar bonito.
Não era exatamente uma clareira, era ao lado de um rio. Mas era estupefante. Nós deixamos a filmagem da cena da clareira para o fim da programação para nós termos o melhor tempo, mais próximo da primavera. E umas duas semanas antes das filmagens, descobrimos que nosso lugar ainda estava coberto por 3,5 metros de neve – minha clareira perfeita. Você não podia nem chegar lá, tinham árvores caídas, tínhamos que chamar caminhões para limpar o local. E, no último minuto, a gente teve que achar um novo lugar para a clareira, mesmo com as filmagens acontecendo. Você pode imaginar o quão estressada eu estava. Correndo pra lá e pra cá filmando a semana inteira, congelando e tentando achar outro lugar.
Até que achamos um lugar absolutamente maravilhoso.
Tinha aquelas grandes rochas e árvores grandes, velhas. Apenas impressionante. – Mas não parecia realmente com uma clareira. E eu estava tipo “ai meu Deus!” mas o tempo estava passando. Eu tinha que filmar no dia certo. E tinha que ser acessível. E então nós filmamos uma boa parte da cena por lá. E estava maravilhoso, parecia um lugar de conto de fadas, coberto com limo e muito verde e com a floresta da península de Olympic.
Mas quando nós estávamos fechando o filme, eu disse que ainda faltava uma coisa a ser filmada. Eu pedia e pedia, “eu tenho que filmar uma clareira. Algo que realmente pareça com uma clareira. Ou as pessoas vão me atirar pedras nas ruas.” Então nós terminamos a filmagem de uma parte da cena em um lugar mágico no meio – bizarramente – do campo de golfe Griffith Park. Tinham aquelas árvores velhas e nós trouxemos todas as pedras e grama e nós transformamos aquele lugar na nossa clareira. Assim, conseguimos a nossa clareira perfeita, mas não foi nem um pouco fácil.

Você pode falar sobre como fizeram Edward brilhar naquela clareira?

Essa de novo foi desafiante. Nós tínhamos provavelmente umas 10 companhias de efeitos especiais tentando idéias experimentais em uma sessão para nós vermos o Edward brilhar e cintilar. A maioria não foi legal. Acabamos trabalhando com a ILM (Industrial Light and Magic, a empresa do George Lucas) e eles, claro, são mestres em criar efeitos especiais. Nós fizemos um escaneamento corporal do Rob, criamos um modelo 3D dele – (risadas) existe um modelo 3D do Rob em algum lugar!! – e fizemos todo esse mapeamento high-tech do corpo e do rosto dele.
Depois de revermos zilhões de versões, encontrei com o supervisor da ILM três vezes e gastamos dias inteiros trabalhando com modelos tridimensionais e a geometria e a física toda, para “como nós podemos fazer isso ficar bonito?”
Você sabe, a descrição no livro é um pouco contraditória. Em um trecho, ele deveria parecer como um diamante quebrado, em outro ele tem a pele macia como marfim. Então você pensa em como seria um reflexo de diamantes partidos – mas quando fizemos da primeira vez, parecia acne, como uma condição da pele. E você queria a pele macia.
Foi uma ciência intrigante para fazer algo que nós queríamos que ficasse bonito. E algo assustador também.

Tiveram cenas ou momentos do livro que não foram pro filme?

Bem, são quase 500 páginas – você tem que fazer a versão “leite condensado” disso daí. Nós realmente tentamos colocar as coisas mais importantes, cruciais e excitantes no filme. Ficamos até sem palavras.
Mas existem algumas coisas como, por exemplo, uma cena que eu até gostei, na sala de biologia quando fazem a amostra de sangue. Não está no filme. Já tínhamos duas cenas na sala de biologia; a primeira vez, que eles ficam juntos e a segunda, que eles se falam. Num filme, quando você condensa, você não vai gostar de ir pro mesmo set de novo e de novo. Então essa cena não está lá.
A cena da clareira ocupa 23 páginas do livro e, na verdade, Bella revela no carro bem antes disso, quando está voltando de Port Angeles, que ela sabe que Edward é um vampiro. Então, nós pegamos as 23 páginas da clareira mais esse fato e fizemos uma cena mais dramática com isso tudo. Então, em vez de dois personagens estarem sentados numa conversa no carro, temos uma cena bem mais dinâmica – na clareira – onde ela revela o que sabe.


Entrevista original aqui (em inglês), por Denise Martin.

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