31 de agosto de 2008

Décimo Segundo Capítulo – Midnight Sun

12. Complicações


Bella e eu andamos silenciosamente até a aula de biologia. Eu estava tentando me focar no momento, na garota ao meu lado, no que era real e sólido, em qualquer coisa que mantivesse as visões enganosas e sem sentido da Alice longe de minha cabeça.

Nós passamos por Angela Weber, lentamente na calçada, discutindo um exercício com um garoto de sua aula de trigonometria. Eu vistoriei os pensamentos dela mecanicamente, esperando mais desapontamentos, somente para ser surpreendido por seu teor melancólico.

Ah, então havia alguma coisa que Angela queria. Infelizmente, não era algo que podia ser facilmente embrulhado para presente.

Eu me senti estranhamente confortável por um momento, ouvindo a falta de esperança gritante de Angela. Um senso de afinidade de que Angela nunca tomaria conhecimento passou por mim, e eu estava, naquele segundo, quite com aquela garota humana. Eu estava estranhamente consolado em saber que eu não era o único a viver uma trágica história de amor. Corações quebrados estavam por toda parte.

No segundo seguinte, eu estava abruptamente e completamente irritado. Porque a história de Angela não tinha que ser trágica. Ela era humana e ele era humano e a diferença que parecia tão intransponível em sua cabeça era ridícula, realmente ridícula comparada à minha própria situação. Não havia razão em seu coração quebrado.

Que tristeza mais sem sentido, quando não havia nenhuma razão válida para ela não estar com quem ela queria. Por que ela não tinha o que ela queria? Por que essa história não tinha um final feliz?


Eu queria dar a ela um presente… Bem, eu devia dar a ela o que ela queria. Sabendo o meu efeito sob a natureza humana, isso provavelmente não devia ser muito difícil. Eu analisei cuidadosamente a consciência do garoto ao seu lado, o objeto de sua afeição, e ele não pareceu relutante, ele somente estava bloqueado pela mesma dificuldade que ela estava. Falta de esperança e submisso, assim como ela.

Tudo que eu tinha que fazer era implantar a sugestão…

O plano se formou facilmente, o script se escreveu sozinho sem esforço algum de minha parte. Eu precisaria da ajuda de Emmet – convencê-lo a ir adiante com isso era a única dificuldade de verdade. A natureza humana era muito mais fácil de se manipular do que a natureza vampírica.

Eu estava satisfeito com a minha solução, com o meu presente para Angela. Era uma boa distração de meus próprios problemas. Gostaria que os meus fossem tão fáceis de serem resolvidos.

Meu humor estava lentamente melhorando enquanto eu e Bella nos sentávamos em nossos lugares. Talvez eu devesse ser mais positivo. Talvez existisse alguma solução para nós que estava me escapando, do mesmo jeito que a solução óbvia para Angela não estava visível para ela. Não é muito provável… mas por que perder tempo com falta de esperança? Eu não tinha tempo a perder quando se tratava de Bella. Cada segundo importava.

O Senhor Banner centralizou uma velha TV e vídeo. Ele estava pulando uma sessão que ele não estava particularmente interessado – doenças genéticas – mostrando um vídeo nos próximos três dias. O Óleo de Lorenzo não era uma peça muito alegre, mas isso não parou a excitação na sala. Sem anotações, sem materiais de teste. Três dias livres. Os humanos exultavam.
Isso não me importava muito, de qualquer forma. Eu não tinha planejado em prestar atenção em nada além de Bella.

Eu não puxei a minha cadeira para longe dela hoje, para me dar espaço para respirar. Ao invés disso, eu sentei perto, ao lado dela, como qualquer humano normal faria. Mais perto do que nós sentamos dentro do carro, perto o suficiente para que o lado esquerdo do meu corpo submergisse no calor que saía de sua pele.

Era uma experiência estranha, tanto agradável quanto extremamente irritante, mas eu preferia isso a sentar de frente para ela na mesa. Isso era mais do que eu estava acostumado, e ainda eu rapidamente percebi que não era o suficiente. Eu não estava satisfeito. Estando tão perto assim dela eu queria estar mais perto. A força era maior quanto mais perto eu estava.

Eu tinha a acusado de ser um imã para o perigo. Agora mesmo, eu sentia que isso era literalmente verdade. Eu era o perigo, e, cada centímetro que eu me permitia ficar mais próximo dela, sua força de atração aumentava.

E então o Senhor Banner desligou as luzes.

Foi diferente, quanto de diferença isto fez, considerando que a falta da luz significa pouco aos meus olhos. Eu podia ver perfeitamente quanto antes. Cada detalhe da sala era claro.

Então por que o súbito choque de eletricidade no ar, na sala escura que não era escura para mim? Era porque eu sabia que eu era o único que podia ver claramente? Ambos, Bella e eu éramos invisíveis para os outros? Como se estivéssemos sozinhos, somente nós dois, escondidos em uma sala escura, sentados tão perto um do outro…

Minha mão se moveu na direção dela sem a minha permissão. Somente para tocar a sua mão, segurá-la na escuridão. Isso teria sido um engano horrível? Se a minha pele a incomodasse, ela só teria que puxar sua mão para longe…

Eu puxei rapidamente minha mão de volta, cruzando meus braços firmemente contra o meu peito e cerrei minhas mãos. Sem erros. Eu tinha prometido a mim mesmo que eu não cometeria erros, não importassem quão mínimos eles parecessem. Se eu segurasse a sua mão, eu iria querer mais – outro toque insignificante, outro movimento para mais perto dela. Eu podia sentir isso. Um novo tipo de desejo estava crescendo em mim, lutando para superar meu auto-controle.

Sem erros.

Bella cruzou seus braços com segurança sob seu próprio peito, e suas mãos estavam travadas como bolas, assim como as minhas.

O que você está pensando? Eu estava morrendo para murmurar as palavras para ela, mas a sala estava quieta o suficiente para se ouvir a mínima conversação.

O filme começou, iluminando a escuridão um pouco. Bella olhou para mim. Ela notou a maneira rígida que eu mantinha meu corpo – assim como ela – e sorriu. Seus lábios se repartiram lentamente, e seus olhos pareciam cheios de calorosos convites.

Ou eu estava vendo o que eu queria ver.

Eu sorri de volta; sua respiração saiu em um baixo ofego e ela olhou rapidamente para longe. Isso piorou as coisas. Eu não conhecia seus pensamentos, mas eu estava repentinamente positivo de que eu estava certo antes, e ela queria me tocar. Ela sentia esse desejo perigoso assim como eu.

Entre o seu corpo e o meu, a intensa eletricidade.

Ela não se moveu pelo resto da hora, mantendo-se rígida, postura controlada enquanto eu me segurava.

Ocasionalmente, ela me espiava de novo, e a eletricidade se agitava como se um raio passasse por mim de forma repentina.

A hora passou – mesmo assim suficientemente lenta. Isso era tão novo, eu poderia ficar sentado aqui ao lado dela por todo o dia, só para experimentar esse sentimento por completo.

Eu tinha dúzias de diferentes argumentos para discutir comigo mesmo enquanto os minutos passaram. Racionalidade lutando contra desejo enquanto eu tentava justificar tê-la tocado.

Finalmente, Sr. Banner ligou as luzes novamente.

Na brilhante luz fluorescente, a atmosfera do quarto voltou ao normal.

Bella suspirou e se espreguiçou, esticando os braços na sua frente. Isto deve ter sido desconfortável para ela se manter naquela posição por muito tempo. Era mais fácil para mim – a imobilidade vinha naturalmente.

Eu soltei um risinho pela expressão de alivio em sua face. “Bem, aquilo foi interessante.”

“Hmm,” ela murmurou, claramente entendendo sobre o que eu me referi, mas sem fazer comentários. Eu daria tudo para ouvir o que ela estava pensando naquele instante.

Eu suspirei. Nem toda a vontade do mundo me ajudaria com aquilo.

“Devemos?” Eu perguntei, me levantando.

Ela fez uma careta e se pôs de pé de uma maneira instável, com suas mãos espalmadas como se ela estivesse com medo de que fosse cair.

Eu poderia oferecer minha mão. Ou poderia colocar minha mão por baixo de seu cotovelo – bem sutilmente – e apoiá-la. Claramente não seria uma infração horrível…

Sem equívocos.

Ela estava muito quieta enquanto caminhávamos através do ginásio. Entre seus olhos uma ruga se fazia evidente, um sinal de que ela não havia dormido muito. Eu, também, estivera pensando profundamente.

Um toque em sua pele não iria machucá-la, argumentava meu lado egoísta.

Eu poderia facilmente moderar a pressão de minhas mãos. Isso não era algo dificil, enquanto eu conseguisse me controlar. Meu senso tátil era melhor desenvolvido do que o de um humano. Eu poderia fazer malabarismos com uma dúzia de cristais sem quebrar nenhum. Eu poderia tocar uma bolha de sabão sem estourá-la. Enquanto eu estivesse em meu pleno controle…

Bella era como uma bolha de sabão – frágil e efêmera. Temporária.

Por quanto tempo eu seria capaz de justificar a minha presença em sua vida? Quanto tempo eu ainda tinha? Eu teria outra chance, como esta, como este momento, este segundo?

Ela não estaria sempre ao alcance de meus braços…

Bella virou-se para olhar-me à porta do ginásio, seus olhos arregalaram-se diante da expressão de meu rosto. Ela nada falou. Eu olhei para mim mesmo através do reflexo de seus olhos e vi o conflito dentro de mim. Assisti a minha face se alterar enquanto meu melhor lado perdia o argumento.

Minha mão se levantou, sem um comando consciente para que isso acontecesse. Tão gentilmente como se ela fosse feita do mais fino vidro, como se ela fosse tão frágil como uma bolha, meus dedos tocaram a pele quente que cobria sua bochecha. Ela esquentou ao meu toque e eu pude sentir seu sangue pulsar por baixo de sua pele alva.

Já chega, eu ordenei, apesar de minha mão estar lutando para acariciar sua face. Já chega.

Foi dificil de trazer minha mão de volta, de me fazer parar de me mover mais próximo a ela do que eu já mais havia estado. Milhares de diferentes possibilidades explodiram em minha mente em um átmo – milhares de maneiras de tocá-la. A ponta do meu dedo traçando o contorno de seus lábios. Minha palma acariando seu queixo.  Puxando a presília de seus cabelos e deixando ele se espalhar em minha mão. Meus braços envolvendo-a pela cintura, segurando-a contra a extensão de meu corpo.

Já chega.

Eu forcei-me a virar, para mover-me para longe dela. Meu corpo moveu-se pesadamente, sem vontade.

Deixei minha mente hesitante para olhá-la enquanto eu caminhava apressadamente para longe, quase correndo da tentação. Eu capturei os pensamentos de Mike Newton – eram os mais audíveis – enquanto ele via Bella passar por ele sem notá-lo, seus olhos sem foco e suas bochechas coradas. Ele se enfureceu e de repente meu nome se misturava a maldições em sua mente. Eu não ajudei muito, sorrindo sarcásticamente em resposta.

Minhas mãos estavam formigando. Eu as flexionei e então cerrei os punhos, mas elas continuaram a me aferroar de forma indolor.

Não, eu não havia machucado ela – mas ainda assim, tocá-la havia sido um erro.

Eu me sentia em chamas – como se a sede ardente em minha garganta tivesse se espalhado por todo o meu corpo.

Na próxima vez que eu estivesse próximo a ela, seria eu capaz de me impedir de tocá-la novamente? E se eu a toquei uma vez, seria eu capaz de parar por aí?

Sem mais equívocos. Era isso. Contenta-te com a memória, Edward, eu disse para mim mesmo, rindo, e guarda tuas mãos para ti mesmo. Era isso ou eu teria que forçar-me a partir, de alguma forma.  Pois eu não poderia permitir a mim mesmo de estar perto dela se eu insistisse em cometer estes erros.
Eu respirei profundamente e tentei afirmar meus pensamentos.

Emmet me encontrou do lado de fora do prédio de Inglês.

“Ei, Edward.” Ele parece melhor, estranho, mas melhor. Feliz.

“Ei, Em.” Pareço feliz? Creio que sim, apesar do caos em minha mente, eu me sentia dessa forma.

É melhor você manter a boca fechada, garoto. Rosalie quer arrancar sua língua fora.

Eu suspirei. “Me desculpe por tê-lo deixado encarregado disso. Está bravo comigo?”

“Naw. Rose vai superar isto. Era algo que estava destinado a acontecer de qualquer jeito.” Assim como o que Alice viu…

As visões de Alice são algo que eu não quero pensar nesse instante. Eu olhei para o vazio, meus dentes travados juntos.

Enquanto eu procurava por alguma distração, eu capturei um pensamento de Ben Cheney, entrando na sala de Espanhol na nossa frente. Ah – aqui estava minha chance de dar a Angela Weber o seu presente.

Eu parei de andar e peguei no braço de Emmet. “Espere um segundo.”

Que foi?

“Eu sei que não mereço, mas você me faria um favor?”

“O que é?” ele me perguntou, curioso.

Sussurradamente – e numa velocidade que faria as palavras incompreensíveis para qualquer humano, não importasse quão audíveis elas fossem ditas – eu expliquei a ele o que eu queria.

Ele me fitou, pasmo, quando eu terminei. Seus pensamentos tão confusos quanto a sua expressão.

“E então?” eu perguntei. “Vai me ajudar a fazê-lo?”

Levou um minuto para que ele respondesse. “Mas, por que?”

“Qual é, Emmet. Por que não?”

Quem diabos é você e o que fez com o meu irmão?

“Não é você que sempre reclama da escola ser sempre igual? Isto é algo um tanto diferente, não acha? Considere isto um experimento – um experimento sobre a natureza humana.”

Ele me fitou por mais um momento antes de dizer. “Bem, isto é diferente, eu o farei… Okay, ótimo.” Emmet bufou e encolheu os ombros. “Eu vou te ajudar.”

Eu sorri para ele, me sentindo mais entusiasmado sobre o meu plano, agora que ele estava a bordo. Rosalie era um saco, mas eu sempre devia a ela por ter escolhido Emmet, ninguém tinha um irmão melhor que o meu.

Emmet não precisaria praticar.  Eu sussurrei as instruções para ele, por sob a minha respiração enquanto entravamos na sala de aula.

Ben já estava em sua cadeira, atrás da minha, ajeitando seu dever de casa para entregar.

Emmet e eu, ambos sentamos e fizemos o mesmo. A classe ainda não estava em silêncio; o burburinho de conversas paralelas continuaria até que a senhora Goff chamasse a atenção.

Ela não tinha pressa, estava contemplando os questionários da aula passada.

“Então,” Emmet disse, sua voz mais alta que o necessário – se ele estivesse realmente falando apenas para mim. “Você já convidou a Angela Weber para sair?”

O som de papéis farfalhado atrás de mim cessou abruptmente enquanto Ben congelava, sua atenção repentinamente cravada na nossa conversa.

Angela? Eles estão falando de Angela?

Bom. Eu tinha a sua atenção.

“Não,” eu disse, balançando minha cabeça lentamente para parecer arrependido.

“Por que não?” Emmet improvisou. “Está com medo?”

Eu sorri para ele. “Não, eu ouvi dizer que ela está interessada em outra pessoa.”

Edward Cullen vai chamar Angela para sair? Mas… Não. Eu não gosto disto. Eu não o quero perto dela. Ele não… não é bom para ela. Não é… seguro.

Eu não havia previsto o cavalheirismo, o instinto protetor. Eu queria a inveja. Mas qualquer coisa funcionaria.

“Você vai deixar isso impedir você?” Emmet perguntou, improvisando novamente. “Não está a fim de competição?”

Eu me espantei com ele mas fiz uso do que ele me deu. “Olha, eu acho que ela realmente gosta desse tal de Ben. Eu não vou tentar persuadi-la do contrário. Há outras garotas.”

A reação na cadeira atrás da minha foi elétrica.

“Quem?” Emmet perguntou, de volta ao script.

“Meu parceiro de laboratório disse que é algum garoto chamado Cheney. Eu acho que não sei quem é.”

Eu mordi meus lábios para não sorrir. Apenas os poderosos Cullens poderiam convencer alguém com esse fingimento de não conhecer cada aluno dessa escola simplória.

A cabeça de Ben estava rodando em parafuso. Eu? Acima de Edward Cullen? Mas porque ela iria gostar de mim?

“Edward,” Emmet murmurou em um tom baixo, indicando o garoto com os olhos. “Ele está bem atrás de você,” ele mexeu os lábios, de uma maneira tão óbvia que o humano facilmente pode ler as palavras.

“Oh,” eu murmurei de volta.

Eu virei meu acento e olhei uma vez para o garoto atrás de mim. Por um segundo, os olhos negros, atrás dos óculos, estavam amedrontados, mas então ele enrijeceu e alinhou seus ombros estreitos, afrontado pela minha clara e depreciativa avaliação. Seu queixo se projetou e uma vermelhidão de raiva escureceu sua pele bronzeada.

“Huh,” eu disse arrogantemente enquanto me voltava para Emmet.

Ele pensa que é melhor que eu. Mas Angela não. Eu mostrarei a ele.
Perfeito.

“Você não disse que ela levaria Yorkie para o baile?” Emmet perguntou, roncando ao dizer o nome do garoto demonstrando o quanto desprezava sua esquisitice.

“Aparentemente esta foi uma decisão tomada pelo grupo.” Eu queria ter certeza de que Ben estava escutando claramente. “Angela é tímida. Se B – se um garoto não tiver coragem de chamá-la, ela nunca chamaria”.

“Você gosta de garotas tímidas,” Emmet disse improvisando. Garotas quietas. Garotas tipo… hmm, eu não sei. Talvez Bella Swan?

Eu sorri para ele. “Exatamente.” Depois eu voltei para a encenação. “Talvez Angela se canse de esperar. Talvez eu a chame para o baile.”

Não, você não vai. Ben pensou, sentando-se em sua cadeira. E daí que ela é muito maior que eu? Se ela não se importar, eu também não me importo. Ela é a garota mais legal, mais esperta e mais bonita dessa escola. E ela me quer.

Eu gostei desse Ben. Ele parecia brilhante e bem esclarecido. Talvez até merecesse uma garota como Angela.

Eu mostrei meu polegar para Emmet por debaixo da carteira enquanto a Sra. Goff parou e saudou a classe.

Ok, eu admito – isso foi um tanto engraçado, Emmet pensou.

Eu sorri para mim mesmo, feliz por ter sido capaz de fazer uma história de amor ter um final feliz. Eu sabia que Ben ia cair na armadilha e que Angela iria receber meu presente anônimo. Minha dívida foi paga.

Que tolos eram os humanos, deixar um diferencial de 15 centímetros confundir sua felicidade.

Meu sucesso me deixou de bom humor. Eu sorri novamente enquanto me arrumava em minha cadeira para ser entretido. Afinal de contas, como Bella disse no almoço, eu nunca a havia visto em ação em uma aula de educação física antes.

Os pensamentos de Mike eram os mais fáceis de encontrar no monte de vozes que havia pela quadra. Sua mente tinha se tornado bem familiar nas últimas semanas. Com um suspiro eu me renunciei para ouvir através dele. Pelo menos eu poderia ter certeza que ele estaria prestando atenção em Bella.

Eu estava quase pronto para ouvir ele se oferecendo para ser o parceiro de Bella. Meu sorriso se fechou, meus dentes se apertaram e eu tive que lembrar a mim mesmo que matar Mike Newton não era uma opção permissível.

“Obrigada, Mike – você não precisa fazer isso, sabe?”

“Não se preocupe, eu ficarei fora de seu caminho.”

Eles sorriram um para o outro, e flashes de numerosos acidentes – todos conectados a Bella de alguma forma – se passando pela cabeça de Mike.

Mike jogou sozinho primeiro, enquanto Bella hesitava na metade de trás do pátio, segurando sua raquete cautelosamente, como se ela fosse alguma espécie de arma. Então o treinador bateu palmas enquanto caminhava e disse a Mike para deixar Bella jogar.

Uh oh, Mike pensou enquanto Bella caminhava com um suspiro, segurando sua raquete em um ângulo estranho.
Jennifer Ford jogou diretamente na direção de Bella com uma satisfação rondando seus pensamentos. Mike viu Bella dar uma guinada, batendo a raquete muito longe de seu alvo, e ele entrou para tentar salvar a jogada.

Eu observei a trajetória da raquete de Bella com atenção. Com certeza ela tinha acertado a rede esticada e saltou de volta para ela, dando uma pancada em sua testa antes de quicar para acertar o braço de Mike com um ressonante “thwack”.

Ow. Ow. Uhm. Isso vai deixar um hematoma.

Bella estava esfregando sua testa. Era difícil para mim ficar parando no lugar onde eu estava, sabendo que ela estava machucada. Mas o que eu poderia fazer se estivesse lá? E não parecia ser algo sério… eu hesitei, assistindo. Se ela tentasse continuar a jogar, eu teria que arrumar uma desculpa para tirá-la da aula.

O treinador riu. “Desculpe, Newton.” Essa garota era a mais azarada que eu já tinha visto. Não devia infligir sua presença aos outros.

Ele virou suas costas deliberadamente e se moveu para assistir a outro jogo para que Bella pudesse voltar ao seu lugar de espectadora.

Oh, Mike pensou de novo, massageando seu braço. Ele se virou para Bella. “Você está bem?”

“Sim, e você?” ela perguntou timidamente, corando.

“Acho que posso superar.” Não queria parecer um bebê chorão. Mas, cara, aquilo doía!

Mike balançou seu braço em um círculo, retrocedendo.

“Eu ficarei aqui atrás,” Bella disse, além de dor, vergonha e desgosto em sua expressão.

Talvez Mike tivesse feito o pior. Eu certamente esperava que esse fosse o caso. Pelo menos ela não estava mais jogando. Ela segurou sua raquete com tanto cuidado atrás de suas costas, seus olhos grandes com remorso… eu tive que disfarçar a risada em uma tossida.

O que é engraçado? Emmet quis saber.

“Te digo depois,” eu murmurei.

Bella não se aventurou a jogar de novo. O treinador a ignorou e deixou Mike jogar sozinho.

Eu fiz os exames rapidamente, ao final de uma hora e Sra. Goff me deixou sair mais cedo. Eu estava ouvindo Mike atentamente enquanto cruzava o campus. Ele havia decidido confrontar Bella a meu respeito.

Jessica jura que eles estão se vendo. Por que? Por que ele tinha que escolhe-la?

Ele não havia reconhecido o fenômeno real – que ela me escolheu.

“Então.”

“Então o que?” ela perguntou.

“Você e Cullen, hein?” Você e o esquisitão. Eu me pergunto, se um cara rico é tão importante para você.

Eu cerrei os dentes sob sua degradante suposição.

“Isso não é da sua conta, Mike.”

Defensiva. Então é verdade. Droga. “Eu não gosto disso.”

“Você não precisa gostar.” ela rebateu.

Por que ela não podia ver o show de circo que ele era? Como eles todos são. O jeito que ele fica perto dela. Me dá até calafrios de ver. “Ele olha para você como… como se você fosse algo comestível.”

Eu me encolhi, esperando pela resposta dela.

Seu rosto se tornou vermelho brilhante, e seus lábios se fecharam com força, como se ela estivesse segurando a respiração. Então, subitamente, um riso falso saiu de seus lábios.

Agora ela está rindo de mim. Ótimo.

Mike se virou, com pensamentos sombrios e foi se trocar.

Eu me encostei na parede da quadra e tentei me recompor.

Como ela poderia ter rido da acusação de Mike – uma acusação tão certa que comecei a pensar que Forks tinha se tornado muito percebido… Por que ela riria da acusação de que eu poderia matá-la, quando ela sabia que isso era inteiramente verdade? Onde estava o humor nisso?

O que havia de errado com ela?

Ela tinha um senso de humor mórbido? Que não se encaixava com a idéia que eu tinha de seu caráter, mas como eu poderia ter certeza? Ou talvez meu sonho de que o tolo anjo estava certo sobre uma coisa, que ela não sentia medo. Corajosa – essa era uma palavra para isso. Outros poderiam dizer estúpida, mas eu sabia quão inteligente ela era. Não importa por que razão, essa falta de medo ou senso de humor retorcido não era bom para ela. Era essa estranha falta de medo que a colocava em perigo tão constantemente? Talvez ela precisasse de mim aqui para sempre…

De repente, meu humor estava aceso.

Se eu pudesse simplesmente me disciplinar, me fazer seguro, então talvez fosse certo para mim ficar com ela.

Quando ela saiu pelas portas da quadra, seus ombros estavam duros e seu lábio inferior estava entre seus dentes de novo – um sinal de ansiedade. Mas assim que seus olhos encontraram os meus, seus ombros rígidos relaxaram e um largo sorriso apareceu em seu rosto. Essa era uma estranha expressão de paz. Ela caminhou em minha direção sem hesitar, só parando quando ela estava tão perto que a temperatura de seu corpo bateu em mim como uma onda de maré.

“Oi,” ela sussurrou.

A felicidade que eu senti nesse momento era, novamente, sem precedentes.

“Olá,” eu disse, e depois – porque com meu humor subitamente tão leve eu não podia resistir em importuná-la – eu adicionei “Como foi a educação física?”

Seu sorriso hesitou. “Bem.”

Ela era uma péssima mentirosa.

“Sério?” eu perguntei, pressionando-a – eu ainda estava preocupado com sua cabeça; ela estava sentindo dor? – mas então os pensamentos de Mike Newton estavam tão altos que quebraram minha concentração.

Eu o odeio. Eu queria que ele morresse. Eu desejo que ele bata aquele carro brilhante diretamente contra um penhasco. Por que ele não pode simplesmente deixá-la em paz? Debandar para seu próprio tipo – para os esquisitos.

“O que?” Bella exigiu.

Meus olhos se refocaram em seu rosto. Ela olhou para as costas de Mike e depois de volta para mim.

“Newton me deixa nos nervos,” eu admiti.

Sua boca se abriu e seu sorriso desapareceu. Ela devia ter se esquecido que eu tinha o poder de assistir sua última hora calamitosa, ou tinha esperança de que eu não o tivesse utilizado. “Você estava ouvindo de novo?”

“Como está sua cabeça?”

“Você é inacreditável!” ela disse através dos dentes e então me deu as costas e cruzou furiosamente o estacionamento. Sua pele ruborizou e ficou vermelho-escura – ela estava envergonhada.

Eu continuei andando com ela, esperando que sua raiva passasse logo. Ela normalmente era rápida para me perdoar.

“Foi você quem disse que eu nunca tinha visto você na educação física,” eu expliquei. “Isso me deixou curioso.”

Ela não respondeu; suas sobrancelhas se juntaram.

Ela parou subitamente no estacionamento quando ela percebeu que o caminho para o meu carro estava bloqueado por uma multidão de estudantes do sexo masculino.

Eu me pergunto quão rápido eles andam nisso.

Olhe só a marcha SMG paddles. Eu nunca os havia visto fora das páginas de revista.

Belos side grills.

Com certeza eu queria ter 60 mil dólares para passear…

Esse era exatamente o motivo pelo qual era melhor que usássemos apenas o carro de Rosalie.

Eu caminhei da multidão de garotos cheios de luxúria para o meu carro; depois de um momento de hesitação, Bella me seguiu.

“Ostentação,” eu murmurei quando ela entrou no carro.

“Que tipo de carro é esse?” ela se perguntou.

“Um M3.”

“Eu não leio a Carro e Motorista.”

“É um BMW.” Eu rolei meus olhos e os foquei na ré para não passar por cima de ninguém. Eu tive de encarar alguns meninos que não pareciam querer sair do meu caminho. Meio segundo encarando meu olhar pareceu ser suficiente para convencê-los.

“Você ainda está brava?” eu perguntei a ela. Sua expressão estava relaxada.

“Definitivamente,” ela respondeu brevemente.

Eu suspirei. Talvez eu não devesse ter contado a ela. Oh, bem, eu poderia dar uma recompensa, eu supunha. “Você me perdoará se eu pedir desculpas?”

Ela pensou sobre isso por um momento. “Talvez… se você realmente estiver arrependido,” ela decidiu. “E se você prometer não fazer isso de novo.”

Eu não ia mentir para ela, mas não havia jeito de prometer isso a ela. Talvez se eu oferecesse uma boa troca.

“Que tal se eu realmente estiver arrependido e eu concordar em deixar você dirigir no sábado?” Eu contraí os músculos com esse pensamento.

A ruga entre seus olhos enquanto ela considerava a nova barganha. “Feito,” ela disse depois de um momento pensando.

Agora, para minhas desculpas… eu nunca tinha tentado deslumbrar Bella de propósito antes, mas agora parecia ser uma boa hora. Eu olhei no fundo de seus olhos enquanto eu dirigia para longe da escola, me perguntando se eu estava fazendo o caminho correto. Eu usei meu tom mais persuasivo.

“Então, eu sinto muitíssimo por ter deixado você triste.”

Seu batimento cardíaco acelerou e ficou mais alto que antes e o ritmo ficou abruptamente destacado (Referente à musica. Modo de executar destacando nitidamente cada nota.) Seus olhos se abriram um pouco, parecendo atordoados.

Eu dei um meio-sorriso. Pareceu que eu tinha feito corretamente. É claro que eu estava tendo um pouco de dificuldade olhando através de seus olhos também. Eu estava igualmente deslumbrado. Ter essa estrada memorizada era uma boa coisa.

“E eu estarei à sua porta cedo no sábado de manhã,” eu adicionei, finalizando o acordo.

Ela piscou rapidamente, balançando a cabeça como se para clareá-la. “Uh,” ela disse “Não ajudaria muito com a história para o Charlie se eu não explicar um Volvo deixado na garagem.”

Ah, como ela me conhecia pouco. “Eu não pretendia levar um carro.”

“Como-” ela começou a perguntar.

Eu a interrompi. A resposta seria difícil de explicar sem uma demonstração, e agora não era o momento certo. “Não se preocupe com isso. Eu estarei lá. Sem carro.”

Ela entortou um pouco a cabeça para o lado, e me olhou por um segundo como se fosse me pressionar para saber mais, mas depois pareceu mudar de idéia.

“Já está muito tarde?” ela perguntou, me lembrando da conversa interminada na cafeteria mais cedo; ela esqueceria uma pergunta difícil apenas para se lembrar de outra pior.

“Eu acho que está tarde,” eu concordei sem vontade.

Eu estacionei em frente à sua casa, tenso em pensar em como explicar… sem deixar muito evidente minha monstruosa natureza, sem assustá-la novamente.

Ela esperou com a mesma máscara educadamente interessada que ela havia usado no almoço. Se eu tivesse sido menos ansioso, sua calma teria me feito rir.

“E você ainda quer saber por que não pode me ver caçar?” eu perguntei.

“Bem, na verdade eu estava imaginando sua reação,” ela disse.

“Eu assustei você?” eu perguntei, certo de que ela negaria.

“Não.”

Eu tentei não rir. E falhei. “Peço desculpas por ter assustado você.” E então meu sorriso se desfez com o humor momentâneo. “Foi só o pensamento de ter você lá… enquanto nós caçamos.”

“Isso seria ruim?”

A figura mental era demais – tão vulnerável na escuridão vazia; eu, fora de controle. Eu tentei banir isso da minha cabeça. “Extremamente.”

“Por que…?”

Eu respirei fundo, me concentrando por um momento na sede que queimava. Sentindo-a, monitorando-a, provando minha dominação sobre ela. Ela nunca me controlaria novamente – eu desejei que isso fosse verdade. Eu seria seguro por ela. Eu olhei para as nuvens bem vindas sem realmente vê-las, desejando que minha determinação fizesse alguma diferença se eu estivesse caçando quando sentisse seu cheiro.

“Quando caçamos… nos entregamos aos nossos instintos,” eu disse a ela, pensando em cada palavra antes de dizê-las. “Governamos menos a mente. Especialmente o olfato. Se você estivesse em algum lugar por perto enquanto eu estivesse fora de controle desse jeito…”
eu balancei minha cabeça com agonia ao pensar no que iria – não no que poderia, mas no que iria – certamente acontecer.

Eu ouvi o espigão em seus batimentos e depois me voltei, sem descanso, para ler seus olhos.

Sua face estava composta, seus olhos graves. Sua boca estava levemente cerrada, o que eu pensava ser preocupação. Mas preocupação com o quê? Sua própria segurança? Ou minha angústia? Eu continuei a olhar para ela, tentando traduzir sua expressão ambígua em fato concreto.

Ela olhou de volta. Seus olhos ficaram maiores por um instante e suas pupilas se dilataram, embora a luz não tivesse mudado.

Minha respiração acelerou e, de repente, o silêncio no carro parecia zunir, como na escura sala de biologia naquela tarde. A pulsação corrente passou entre nós novamente, e meu desejo de tocá-la era, brevemente, mais forte que a demanda da minha sede.

A pulsante eletricidade me fez sentir como se eu tivesse pulsação de novo. Meu corpo cantou com isso. Eu me senti quase… humano. Mais que qualquer coisa no mundo, eu queria sentir os lábios dela contra os meus. Por um segundo, eu lutei desesperadamente para encontrar a força, o controle, para poder colocar minha boca tão perto de sua pele.

Ela sugou uma quantidade enorme de ar e só então eu percebi que quando minha respiração acelerou, ela parou de respirar no mesmo momento.

Eu fechei meus olhos, tentando quebrar a conexão entre nós.

Sem mais erros.

A existência de Bella estava atada a milhões de delicados processos químicos, todos tão facilmente rompidos. A rítmica expansão de seus pulmões, a passagem de oxigênio, era vida ou morte para ela. A cadência agitada de seu frágil coração poderia ser parada por tantos acidentes idiotas, ou doenças, ou… por mim.

Nenhum membro de minha família hesitaria se lhes fosse dada uma chance de voltar atrás – se imortalidade pudesse ser trocada pela mortalidade de novo. Qualquer um no nosso mundo ficaria no fogo por isso. Queimaria por quantos anos ou séculos fosse necessário.

A maioria de nossa espécie prezava a imortalidade mais que qualquer coisa. Existiam até certos humanos que buscavam isso, que procuravam em lugares escuros alguém que pudesse lhes dar o mais sombrio dos presentes…

Não nós. Não minha família. Nós poderíamos trocar qualquer coisa para sermos humanos.

Mas nenhum de nós já esteve desesperado por um caminho de volta como eu estava agora.

Eu olhei para as microscópicas fossas e defeitos no pára-brisas, como se houvesse alguma solução escondida no vidro. A eletricidade não havia desaparecido, e eu tive que me concentrar para manter minhas mãos no volante.

Minha mão direita começou a latejar sem dor de novo, de quando eu a havia tocado antes.

“Bella, eu acho que você devia entrar agora.”

Ela obedeceu de primeira, sem comentar, saindo do carro e batendo a porta atrás dela. Ela havia sentido o potencial de desastre tão claramente quanto eu?

Sair a machucou tanto quanto a mim por deixá-la ir? O único consolo é que eu a veria em breve. Antes do que ela pudesse me ver. Eu sorri ao pensar nisso e então desci o vidro e me debrucei para falar com ela mais uma vez – era seguro agora com o calor de seu corpo fora do carro.

Ela se virou para ver o que eu queria, curiosa.

Ainda curiosa, embora ela tivesse me feito tantas perguntas hoje. Minha própria curiosidade estava inteiramente insatisfeita; responder as perguntas dela hoje só haviam me feito revelar meus segredos – eu tinha tirado pouco dela a não ser por minhas suposições. Isso não era justo.

“Oh, Bella.”

“Sim?”
“Amanhã é minha vez.”

Sua testa se enrugou. “Sua vez de quê?”

“Fazer perguntas.” Amanhã, quando estivéssemos em um lugar mais seguro, cercado de testemunhas, eu conseguiria minhas próprias respostas. Eu sorri com esse pensamento e depois eu me virei, porque ela não fez sinal de se afastar. Mesmo com ela fora do carro, o eco da eletricidade moveu-se rapidamente no ar. Eu queria sair também ir com ela até a porta, para ter uma desculpa para ficar ao seu lado.

Sem mais erros. Eu liguei o carro e depois suspirei enquanto ela desaparecia atrás de mim. Parecia que eu estava sempre correndo em direção à Bella ou correndo dela, nunca ficando no lugar. Eu tinha que achar um jeito de me segurar se algum dia nós tivéssemos um pouco de paz.

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